Um dos setores mais afetados pela pandemia é o segmento hospitalar

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Wagner Medeiros Junior

Economista e Especialista em Gestão de Saúde

Ainda não se tem conhecimento de todos os danos causados ao organismo humano pelo novo coronavírus – Covid-19. Daí que os principais pesquisadores da área médica hoje estejam debruçados em estudos para entender melhor o funcionamento do vírus, como também para encontrar uma droga nova com capacidade de mitigar seus danos. Com certeza, na história da humanidade, nunca tanta gente esteve envolvida em torno de um vírus como agora. Basta ver os noticiários que permeiam os principais jornais de todas as partes do mundo.

O ex-ministro da Saúde, o médico mato-grossense, Dr. Luiz Henrique Mandetta, logo no início da crise, advertiu enfaticamente que o vírus desorganizaria o nosso sistema de saúde, aos moldes do que se via então na Itália e na Espanha. Mas que também teria uma capacidade enorme para afetar todo o sistema econômico e as demais atividades humanas. É tudo o que estamos vivenciando no presente momento! Contudo, o que nós e o mundo não sabemos ainda é a dimensão da crise que teremos pela frente.

Infelizmente, um dos setores mais afetados é o segmento hospitalar, que por contradição é um dos mais necessários neste momento da pandemia. Entretanto, a questão não se resume ao afastamento dos profissionais da saúde pelo contágio com o vírus, ou da perda de vidas humanas dos que estão na linha de frente do enfrentamento à doença. Neste aspecto, a perda de vida é um problema irreparável. Não obstante, há os pontos da ordem econômica, que afeta diretamente a estabilidade do setor, que há anos já padece da falta de recursos.

É conveniente, então, a utilização de alguns exemplos para que o leitor possa dimensionar as dificuldades do momento. O agravo não se reduz à falta de insumos básicos, mas aos preços praticados no mercado, que se tornaram do dia para noite, verdadeiros absurdos. Resumiremos, em três partes: materiais hospitalares, medicamentos e aparelhos.

Com relação aos materiais hospitalares, uma máscara cirúrgica com proteção tripla, custava antes da crise R$ 0,80 por unidade. Atualmente, o valor de mercado chega a R$ 4,20, também por unidade. Já um avental com manga descartável subiu de R$ 0,90 para R$ 4,50 – em média.

Inúmeros medicamentos também sofreram aumentos exorbitantes. Um bom exemplo é o Omeprazol injetável, utilizado na proteção gástrica, que subiu de R$ 5,94 a ampola, para R$ 21,18 – um aumento de quase 300%. Outro exemplo é da Cefepina – antibiótico largamente utilizado em pacientes com baixa imunidade e com infecções graves – que subiu de R$ 11,69 a ampola, para R$ 65,00. Ou seja, mais que 400% de aumento.

Na área de aparelhos, o melhor exemplo é o do respirador artificial. Antes da pandemia do novo coronavírus, o valor de mercado de um respirador de ponta, com tecnologia altamente avançada era cotado, no máximo, por cerca de R$ 70.000,00. Agora, aparelhos medianos, sem qualquer sofisticação, chegaram a valer no mercado em torno de R$ 200.000,00. Tais aparelhos, anteriormente, não chegavam a valer R$ 40.000,00. Os aumentos foram verdadeiramente absurdos.

É indubitável que no futuro a desorganização do mercado acarretará dificuldades enormes. Dentro desse contexto, só com muita competência e determinação poderemos vislumbrar a luz no final do túnel.

 



Editora da revista Viver!, uma das mais importantes revistas de saúde do país. A publicação Sul capixaba circula mensalmente há mais de 17 anos.


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