Doenças infecciosas podem levar bebês à cegueira

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Enquanto em países desenvolvidos as causas infecciosas da catarata congênita assumem um papel secundário, no Brasil a rubéola congênita permanece como uma das grandes responsáveis pelo surgimento da doença, que é caracterizada pela opacidade na lente intraocular (cristalino) do bebê.

“Quando adquirida nos três primeiros meses de gestação, essa infecção pode determinar, além da catarata, uma série de malformações sistêmicas no recém-nascido”, alerta o oftalmologista Fernando Lemgruber. “Trata-se de uma causa prevenível, porém, em nosso meio sabe-se que há um grande número de gestantes que não realizam o pré-natal e, provavelmente, o programa de vacinação específico não tem atingido todas as suas metas”, argumenta.
Doutor Fernando explica que embora a barreira placentária seja eficaz para filtrar algumas influências ambientais perigosas, ela não consegue filtrar pequenos micro-organismos, como vírus e bactérias. Dessa forma, os bebês cujas mães desenvolverem ou já tiverem uma doença ativa, correm o risco de ser contaminados com o sarampo, varicela (catapora), sífilis e outras doenças infecciosas.
A consequência para o bebê, nesses casos, pode ser o não desenvolvimento da visão de forma adequada. “Ao longo do nosso desenvolvimento ‘aprendemos’ a enxergar cores e formas até atingirmos uma visão com a nitidez correta. Quando há uma opacidade da lente intraocular, o cristalino, é como olhar através de um vidro de janela bem sujo, o que prejudica o desenvolvimento visual”, esclarece.

O diagnóstico precoce da catarata congênita, conforme salienta o especialista, é de fundamental importância. O atraso no desenvolvimento da visão pela opacidade pode se tornar uma sequela definitiva quando a identificação da doença ou o tratamento são tardios. “Um paciente com catarata congênita operado após os quatro anos de idade já pode apresentar sequelas definitivas e irreversíveis de baixa acuidade visual”, exemplifica.

Vacinação em dia
Quando o assunto é prevenção, doutor Fernando ressalta que o calendário de vacinação deve ser observado pelos pais e seguido rigorosamente de acordo com a orientação do pediatra. “A vacina tem idade correta e dose em intervalos certos a serem ministrados!”, enfatiza.

Na maioria dos casos, conforme explica o oftalmologista, a mulher somente contrai as infecções quando não passou por elas antes da gravidez. Por isso, é indicado que haja a vacinação para a hepatite B e a rubéola antes mesmo de engravidar. “Exames de sangue para conferir quais enfermidades já foram ou não contraídas também são necessários”, diz.

Foto: Jonathan Lessa



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