Glaucoma em gestantes exige cuidados durante o tratamento

572

O glaucoma na gravidez é raro. A maioria das grávidas mantém-se com pressão intraocular estabilizada durante toda a gravidez. Uma pequena porcentagem, porém, cerca de 10%, apresenta aumento da pressão intraocular. Vale ressaltar que a gravidez em si não é um fator de risco para a doença. “Uma mulher para ter glaucoma na idade fértil (12 a 45 anos), na verdade, apresenta o glaucoma juvenil ou o glaucoma secundário – traumas ou má formações anatômicas oculares”, explica o oftalmologista Fernando Lemgruber.

O especialista explica que, na maioria das vezes, o glaucoma é uma doença assintomática em suas fases iniciais. “Após uma progressão da doença e a instalação de dano no nervo óptico moderado é que ocorre o início das alterações no campo visual do paciente. Logo, o paciente só percebe uma alteração na sua visão em fases mais tardias”, elucida.

Tendo em vista que se trata de uma doença assintomática, sem dor, nas fases iniciais o diagnóstico é feito nas consultas de rotina ao oftalmologista. Nesse momento, é avaliada a pressão intraocular e realizado o exame de fundo de olho. “Se houver uma suspeita da doença, são feitos os exames de gonioscopia, paquimetria, prova de sobrecarga hídrica, campo visual, retinografia e tomografia de coerência óptica a fim de diagnosticar a doença, sua gravidade e progressão”, expõe doutor Fernando.

Quanto ao tratamento, vale ressaltar que alguns cuidados são tomados quando a paciente é gestante. O oftalmologista relata que o tratamento do glaucoma envolve o uso de colírios hipotensores oculares, que atuam diminuindo a produção do humor aquoso ou amentado a sua drenagem – o acúmulo deste humor aquoso é que leva ao aumento da pressão intraocular.

“O desafio nas gestantes é que não há nenhuma medicação com nível de evidência A de segurança, ou seja, totalmente seguro comprovado através de rigorosos estudos científicos, para o uso na gestação. Logo, o que temos disponíveis são medicações com níveis de evidência B e C, com seus possíveis efeitos colaterais que devem ser considerados com a gestante e com o médico obstetra, caso forem prescritos. Esse cuidado permanece após o nascimento, se a paciente estiver amamentando”, explana o médico.

Outra opção, conforme salienta o especialista, seria a realização de procedimentos a laser, a trabeculoplastia seletiva ou não seletiva, para o controle da pressão. Entretanto, nem todos os pacientes são indicados a este procedimento. “Por fim, temos a realização de cirurgia (trabeculectomia), caso a pressão esteja elevada com a presença de um glaucoma avançado e exista risco de perda da visão”, informa.

Foto: Jonathan Lessa



A revista Viver! é publicada mensalmente há mais de 17 anos com circulação no Espírito Santo. Trata-se de uma das mais importantes revistas de saúde do Brasil, com centenas de especialistas em prol do dilema "Informação que faz bem".


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *