“É preciso refletir sobre o impacto de nossas palavras”

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A psicóloga Tatielly Baião Bonan – Foto por Mateus Baião

Por Tatielly Baião Bonan

Psicóloga

As palavras possuem muito poder, e são um dos maiores instrumentos da comunicação. Quem fala entrega ao outro seus pensamentos, intenções e emoções. Dependendo de como são colocadas, têm força para motivar, aproximar, consolar, acolher, enaltecer. Mas também são capazes de destruir relações, magoando, desmotivando, decepcionando e afastando o outro.

Muitas pessoas têm suas vidas impactadas negativamente por terem ouvido algo dito de forma imprudente e impulsiva. Convivências são afetadas, algumas vezes de forma irreversível, quando alguém fala o que pensa sem medir as consequências. Por isso é preciso refletir sobre o impacto de nossas palavras, pois somos por elas responsáveis, ainda que não tenhamos tido a intenção de magoar.

Quando falamos com cautela, escolhendo bem as palavras, podemos emitir nossas opiniões sem que grandes conflitos possam surgir. Inclusive, podemos levantar boas reflexões mesmo havendo divergências. Quando nossas palavras são colocadas na hora certa e com prudência, conquista-se respeito e o conteúdo do que é dito tem maiores chances de ser levado em consideração, podendo gerar mudanças naquele que ouve. Mas, ainda que uma pessoa tenha razão, quando as palavras são mal colocadas, ao invés de alcançar a atenção do ouvinte, geram distanciamento e brigas, tornando tudo ainda mais doloroso.

São inúmeros os mal-entendidos advindos do mau uso das redes sociais, principalmente originados das comunicações escritas. Quando lemos algo, perdemos a referência de como de fato o outro estaria entoando as palavras, e as possíveis distorções somadas à impulsividade em responder podem ser catastróficas. E até que tudo se esclareça, desafetos são criados. Uma forma de evitarmos essas situações é deixarmos assuntos mais importantes serem tratados pessoalmente, ou pelo menos por áudio.

O bem falar é fruto da arte de escutar, que é diferente de apenas ouvir. Ouvir é um processo mecânico, decorrente do sentido da audição. Já o escutar envolve a busca por entender o que é dito, assimilando o conteúdo por meio da atenção e da reflexão. Quando de fato escutamos, damos espaço à empatia. E ao nos colocarmos no lugar do outro, avaliamos como nos sentiríamos ao ouvir aquilo que desejamos falar.  Isso nos dá a chance de rever nosso posicionamento em busca de assertividade, que é poder expressar o que desejamos, sem ultrapassar limites que magoariam o outro que ouve.

Escutar também é comunicar. Escutar é dar espaço para o outro se colocar, e esse ato pode ser tão ou mais importante que falar. Conflitos podem ser dissolvidos quando nos dispomos apenas a escutar, sem aquele desespero para responder imediatamente em busca de impor ou defender seu ponto de vista. O calar também é comunicar. Por vezes, o silêncio é a escolha mais sensata enquanto refletimos, demonstrando autocontrole diante das emoções alteradas, sejam elas nossas ou do outro. O silêncio pode ser mantido até que ambos estejam preparados para de fato conversarem e esclarecer o mal-entendido que prejudicou o relacionamento.

 

Tatielly Baião Bonan é Psicóloga especialista em Terapia cognitivo-comportamental, Terapia de família e Coach Parental (CRP 1314/16). O Family Care está localizado no Shopping Cachoeiro: Rua 25 de Março, 33, sala 212 – Centro. Telefone: (28) 99959-0650. Siga Tatielly no Instagram: @tatiellybonan

 



Editora da revista Viver!, uma das mais importantes revistas de saúde do país. A publicação Sul capixaba circula mensalmente há mais de 17 anos.


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