A corrida da vacina da Covid-19: Uma batalha contra o tempo

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Wagner Medeiros Junior

Superintendente do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim/ Economista e Especialista em Gestão de Saúde

A pandemia da Covid-19 já contabiliza mais de 36 milhões de casos comprovados e quase 1,1 milhão de mortes em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E o Brasil, até aqui, vem sendo o segundo país mais afetado quando se trata do número de mortes, e o terceiro no número de casos, só precedido pelos Estados Unidos e pela Índia. Aqui, comprovadamente, já perderam a vida cerca de 150 mil brasileiros. Sabe-se, entretanto, que por diversos fatores, os números reais, em todo mundo, superam em muito os casos notificados.

Em todo o mundo o novo coronavírus (SAPS-CoV-2), direta ou indiretamente, já afetou a vida de bilhões de pessoas. Daí o esforço de inúmeros países, sem precedentes na história da humanidade, para a criação de uma vacina contra essa moléstia. Segundo a OMS, já são mais de 200 imunizantes em processo de desenvolvimento e testes, envolvendo milhares de cientistas e pesquisadores, que trabalham ininterruptamente nessa corrida. Desse total, 11 vacinas estão na última fase final de teste, entre 60 que já estão sendo testadas em humanos.

Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, “há a esperança de que tenhamos uma vacina eficaz e segura até o fim deste ano”. É oportuno lembrar que todos esses esforços começaram em janeiro, logo após os cientistas sequenciarem o genoma de algumas cepas do coronavírus. Os primeiros testes em humanos, ainda de forma bastante restrita, começaram em março.

O Brasil tem dado uma efetiva contribuição ao desenvolvimento de várias dessas pesquisas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que autoriza a realização desses testes no Brasil, isso se dá “porque ainda há uma intensa circulação do coronavírus por aqui”. A Anvisa ainda ressalta que “este é um item fundamental para que as pesquisas sejam concluídas de forma mais rápida”.

Antes de ser aprovada, qualquer vacina passa por três fases de estudos. A primeira com um número restrito de pessoas saudáveis; a segunda com número de pessoas e características ampliadas, tal como idade. A terceira e última etapa envolve milhares de indivíduos e diferentes populações, que são divididas em partes, a fim de avaliar definitivamente a eficácia, segurança, efeitos colaterais, etc…

Se todo o processo for favorável, finalmente a vacina é certificada e aprovada. Mas, tudo isso poderia demorar anos. Por isso, vários países, tais como a Rússia e a China, decidiram por aprovar a imunização contra a Covid-19 ainda na fase 3, sem a certificação da OMS.

A boa notícia é que o Brasil aderiu ao Covax Facility, que é o instrumento de acesso global às vacinas da Covid-19. Isso permitirá que nosso país tenha acesso a pelos menos nove vacinas em desenvolvimento. Desta forma, de acordo com o Ministério da Saúde, “assim que concluída uma vacina de comprovada eficácia e segurança, o país poderá imunizar os grupos de risco da doença”. Espera-se que isso aconteça ainda no primeiro semestre de 2021.

O investimento relativo à adesão do Brasil ao Covax Facility, anunciado pelo Ministério da Saúde, será de aproximadamente R$ 2,5 bilhões, de acordo com a Medida Provisória nº 1.004, de 24 de setembro, encaminhada pelo governo federal à Câmara dos Deputados para aprovação. Todo esse processo demanda agilidade, haja vista que estamos diante de um grave problema de saúde pública que envolve preservar o maior número possível de vidas humanas.

 



Editora da revista Viver!, uma das mais importantes revistas de saúde do país. A publicação Sul capixaba circula mensalmente há mais de 17 anos.


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