Wagner Medeiros Junior
Superintendente do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim/ Economista e Especialista em Gestão de Saúde
O problema de saúde pública mais preocupante neste momento é o surgimento de novas variantes do coronavírus, conforme alerta de cientistas de várias partes do mundo. A questão em si é complexa, haja vista que tal mutação pode ocorrer de diferentes formas, podendo inclusive comprometer a eficácia de determinadas vacinas, o que levou recentemente a África do Sul a interromper o uso do imunizante de Oxford-AstraZeneca, devido à suposta resistência à variante local.
A preocupação maior dos cientistas é que possa surgir uma modificação que venha burlar a eficácia das vacinas já existentes e dificultar ainda mais as práticas de tratamento atualmente utilizadas. Tal fato poderia aumentar a progressão da doença e elevar o nível de mortalidade no mundo. Vários cientistas ingleses já apontam que a variante local do novo coronavírus tem se mostrado mais contagiosa e proliferado com velocidade maior nos países do Reino Unido.
Segundo a microbiologista Ana Paula Fernandes, professora e pesquisadora do Centro de Tecnologia em Vacinas e Diagnósticos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), “quanto mais pessoas infectadas numa população, maior a chance de aparecer variante” do coronavírus. Daí a importância das ações preventivas e de ampla cobertura vacinal da população em todas as partes do mundo.
Observa-se, todavia, que a produção de vacina não vem sendo suficiente para atender à atual demanda dos países nessa corrida. Também, que os países ricos partiram na frente, embora em muitos casos a velocidade da vacinação venha se mostrando lenta demais para produzir melhores efeitos.
Em todo mundo a campanha mais avançada é a de Israel, que no início de fevereiro já havia vacinado 40% de sua população. Em contrapartida, a maioria dos países pobres sequer recebeu a vacina.
No Brasil, embora tenhamos começado realmente atrasados – tanto na elaboração do plano de vacinação, como na aquisição dos imunizantes – a perspectiva é que nos próximos meses nosso país alcance uma importante cobertura vacinal. Isto se deve às atuações do Instituto Butantan em São Paulo, à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro, e a larga experiência do Sistema Único de Saúde (SUS) na cobertura vacinal nos estados.
A cientista Ana Paula Fernandes, entretanto, alerta que os efeitos da vacinação não aparecerão de imediato. Portanto, é necessário que as ações de prevenção sejam efetivamente praticadas por todos. Entre essas ações continuam importantes o uso correto das máscaras, a limpeza constante das mãos e do rosto e o uso do álcool em gel. Também é recomendado evitar locais fechados e aglomerados de pessoas, manter o ambiente o mais ventilado possível, evitar locais de lazer que concentram grande número de pessoas, tais como bares, restaurantes, etc…
Um dos fatores de sucesso dos países orientais no combate à pandemia da covid-19, é que naqueles países a população zela pelos cuidados básicos, inclusive como forma de evitar a contaminação de outras pessoas. Já nos países ocidentais, como o Brasil, carecemos desse princípio básico. Então, o que prevalece é o individualismo; a indiferença com o próximo. Não acaso, portanto, países como Estados Unidos, Brasil e México apresentam as piores avaliações, quando a questão é o combate à pandemia. Isto mostra o quanto o espírito de coletividade faz falta em nós, em tudo…