Aumenta número de casos de suicídio entre os jovens

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Somente em abril, três casos de suicídio chocaram pais, professores e alunos de dois colégios renomados da rede privada de ensino da grande São Paulo. Além de provocarem comoção, os casos levantam um tema que precisa ser discutido mais a fundo: o suicídio na adolescência. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de suicídio da população entre 15 e 29 anos aumentou quase 10% no Brasil, entre 2002 e 2014. São 5,6 casos a cada 100 mil habitantes.

Além disso, uma pesquisa inédita feita em 2017 pelo Ministério da Saúde revela que o suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Para a psiquiatra Débora Sena, o suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial. “No entanto, estima-se que 90% dos jovens que cometeram suicídio seriam portadores de algum transtorno psiquiátrico, em especial a depressão”, diz.

Portanto, conforme relata a especialista, as doenças psiquiátricas, principalmente quando não tratadas, são grandes responsáveis pelo suicídio. Outros fatores importantes apontados pela médica são as disfunções familiares, abuso de substâncias, mau desempenho escolar, bullying, baixa autoestima e abuso físico ou sexual.

O porquê do aumento nos casos de suicídios de jovens, na opinião de doutora Débora, é uma pergunta que intriga muitos. “Acredita-se que o excesso de uso da internet e das redes sociais tenha criado jovens com relacionamentos superficiais e solitários, apesar do grande número de amigos virtuais. Outro fator que costuma ser apontado é a cobrança excessiva a que os jovens estariam sendo submetidos atualmente: precisam ser bonitos, inteligentes e ainda com muitos seguidores nas redes sociais”, expõe.

Ainda de acordo com a psiquiatra, a vida nas redes sociais é exposta a todo o momento em feeds, e muitas vezes tenta nos fazer acreditar que a vida ali mostrada é perfeita. “Ainda assim, não se sabe se esses fatores são suficientes para explicar o aumento em quatro vezes do número de suicídio entre jovens no mundo. Esperamos que novos estudos nos tragam a resposta à essa pergunta”, ressalta.

Os pais e a escola costumam ser os que mais tem contato com os jovens e, por isso, desempenham papel fundamental na prevenção ao suicídio. “No caso da escola, professores atentos aos sinais de risco como melancolia e isolamento, além de implementação de políticas de prevenção ao bullying e ao suicídio, constituem importantes estratégias”, orienta a especialista.

Já em relação aos pais, doutora Débora explica que é de suma importância observar mudanças de comportamento, além de buscar um diálogo sobre o assunto quando houver sinais de risco. “Estreitar o canal de comunicação com o jovem e fazer com que ele se sinta acolhido é sempre benéfico”, finaliza.

Fique atento aos sinais

A prevenção ao suicídio preconiza três níveis de risco: pensamentos de morte, planejamento de meios para tentar contra a própria vida e tentativas prévias de suicídio. Portanto, pessoas que verbalizam sobre planos, como de tomar muitos comprimidos, por exemplo, ou que já tenham tentado suicídio anteriormente, são as mais graves, e também mais facilmente identificáveis.

Já os sintomas mais sutis a que devemos estar atentos são o afastamento de amigos e familiares, a queda do rendimento escolar, a tendência à impulsividade e a tristeza. Frases isoladas tais como “não aguento mais” ou “a vida não faz mais sentido” também devem chamar nossa atenção.

(foto: Jonathan Lessa)



A revista Viver! é publicada mensalmente há mais de 17 anos com circulação no Espírito Santo. Trata-se de uma das mais importantes revistas de saúde do Brasil, com centenas de especialistas em prol do dilema "Informação que faz bem".


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