O assunto álcool e coração é bem controverso. Então, primeiro devemos lembrar da diferença entre o uso “medicinal” e o uso “recreativo” de bebidas alcoólicas. No que diz respeito ao primeiro, estamos falando de doses baixas e regulares, sem exageros. São doses seguras e que fazem bem para a saúde – revela o cardiologista Gilberto Dian.
Recentemente foi divulgada uma pesquisa pelo British Medical Journal e American College of Cardiology, na Inglaterra, na qual acompanharam muitas pessoas durante 14 anos. O estudo provou que o uso do álcool em dose medicinal previne uma série de doenças cardíacas.
Estão entre elas o infarto do miocárdio, a insuficiência cardíaca, o entupimento das coronárias e o diabetes tipo 2 (aquele em que não se usa insulina) que é uma doença que afeta diretamente o coração. Além disso, o álcool consumido moderadamente ajuda no controle da hipertensão arterial devido ao seu efeito vasodilatador. “Tendo em vista que os percentuais não ultrapassaram 50%, não são benefícios absolutos”, ressalta doutor Gilberto.
Acima dessas doses ditas seguras, os efeitos do álcool se invertem e os pontos negativos começam a aparecer em todo o organismo. Segundo o especialista, esses malefícios afetam não só o coração, como também o cérebro, fígado, pâncreas e rins. “Nas doses exageradas ocorre o contrário do que o coração precisa. A pressão arterial se eleva e o fluxo de sangue nos vasos sanguíneos diminui”, aponta.
Ainda podem ocorrer arritmias cardíacas, aumento do tamanho do coração com a insuficiência cardíaca e acidentes vasculares cerebrais. Além de alterações das taxas sanguíneas de colesterol, triglicérides, ácido úrico e glicose. “Dessa forma, devemos ficar atentos aos fatos. Pessoas que não bebem não devem começar a beber pensando em prevenir doenças do coração; existem maneiras melhores de fazer isso – como exercícios e dieta balanceada”, argumenta o médico.
Já aquelas pessoas que possuem algum problema de coração, pressão alta ou qualquer outro problema cardiovascular, devem conversar com seu médico a respeito do uso de bebida alcoólica – orienta doutor Gilberto. “Devemos ter em mente que o uso do álcool tem seus malefícios já muito bem definidos”, frisa.
Doses seguras
– Cerveja: 2 latas (700 ml);
– Vinho: 300 ml ou 2 doses de destilado (100 ml) por dia;
– Para mulheres, essas doses devem ser reduzidas pela metade;
– Para quem possui restrições quanto a bebidas alcoólicas, pode-se substituir o vinho por suco de uva integral sem açúcar.
Foto: Erika Medeiros