Apesar de ser considerado um tabu e motivo de desconforto para muitas mulheres, a vagina possui seu odor característico. Afinal, conforme esclarece a ginecologista e obstetra Carolina Martins Xavier, trata-se de uma parte do organismo feminino que está em constante contato com o meio externo, e para isso, precisa recorrer a meios de defesa para manter sua saúde. “Esses mecanismos são a constante renovação celular da sua parede, com descamação e a presença de bactérias próprias da sua flora, que lhe conferem um odor característico suave”, explica.
Dessa forma, até certo ponto, o odor vaginal é algo extremamente normal e indica que a vagina está em equilíbrio. Entretanto, quando ele se torna mais intenso, pode sinalizar um problema na saúde íntima. “Quando a mulher percebe que um cheio geralmente descrito como ‘peixe podre’ ou ‘carniça’, pode significar infecção local, que vai de leve até um quadro mais grave, ou até mesmo um caso de câncer do colo uterino”, ressalta. Vale ressaltar que o diagnóstico precoce desse câncer é feito pela realização anual do exame preventivo (Papanicolau).
Doutora Carolina ressalta que durante o ciclo menstrual, nas mulheres em idade fértil, as mudanças hormonais podem provocar alterações no aspecto das secreções, assim como durante a menopausa. Além disso, alergias, gestação, irritação local por produtos químicos, também podem promover uma modificação na secreção vaginal, podendo haver alteração do odor, mas não de forma intensa.
As principais doenças responsáveis pelo mau odor vaginal intenso, conforme salienta a ginecologista, são a candidíase (causada por fungo), vaginose bacteriana (causada por várias bactérias que se aproveitam do desequilíbrio da flora vaginal), vaginite, cervicite e doenças sexualmente transmissíveis – que podem levar a um quadro mais grave, a doença inflamatória pélvica.
Os sinais de alerta aos quais as mulheres devem ficar atentas, segundo a especialista, são odor muito desagradável, de aspecto amarelo ou acinzentado, bolhoso, que piora durante a menstruação ou após relações, dor intensa em baixo ventre, dor ao urinar, dor durante o ato sexual, bem como o sangramento fora do período menstrual e com odor intenso.
Higienização correta
A higienização genital feminina deve ser feita com sabonetes neutros ou sabonetes íntimos, de escolha da mulher. De acordo com doutora Carolina, o mais importante é que, independentemente do tipo, a higienização deve ser feita na parte externa, não introduzir o produto na vagina, e evitar duchas íntimas. Deve ser feita pelo menos uma vez ao dia e se possível, após as relações sexuais.
“Toda vez que a mulher perceber o odor vaginal e aspecto da secreção diferentes do habitual mesmo com correta higienização, e/ou qualquer dos sintomas relatados acima, deve procurar o ginecologista, pois como já dito, pode significar algo mais sério e que talvez requeira ação imediata”, enfatiza.