Conheça o tratamento da Medicina chinesa para o Alzheimer

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Foto por Jonathan Lessa

Dr. José Gomes

Psicanalista, acupunturista e homeopata

Assim como em Medicina Ocidental, em Medicina Chinesa também não se sabe a causa do desenvolvimento e da progressão do Alzheimer, porém, há uma suspeita de que a doença esteja relacionada ao Rim, que é o órgão que possui a Essência Vital e comanda todas as funções do corpo, entre elas, o envelhecimento e a morte.

O Alzheimer está dividido em sintomas clássicos, que serão descritos a seguir correlacionando aos órgãos e como podemos tratá-los em Medicina Chinesa:

1. Agressividade

Muitas pessoas que sofrem de Alzheimer possuem essa fase bastante evidente. Ficam agressivas, falam alto, culpam pessoas por terem escondido ou até roubado algo de seu uso pessoal. Em Medicina Chinesa podemos entender que por uma Deficiência da Essência, em especial o Yin do Rim, o mesmo não nutre o Yin do Fígado gerando assim, um Yang excessivo.

Ao Yang excessivo do Rim é que correlacionamos a raiva, o estresse, as atitudes desmedidas. Cabe ao terapeuta, não somente fortalecer o Yin do Rim como acalmar o Yang do Fígado. Pontos como R6 e F8 são de grande ajuda, bem como o chá de gergelim preto.

 2. Perda da Memória Recente

A fase mais conhecida do Alzheimer é a perda de memória. Começa-se esquecendo uma lâmpada acesa, ou o fogão ligado. Depois não se sabe mais se tomou banho naquele dia, ou conta uma mesma história várias vezes ao dia. Em Medicina Chinesa, a Deficiência crônica de Rim leva à Deficiência crônica de Baço-Pâncreas. É o Baço-Pâncreas o responsável pelas memórias recentes e das atividades do dia a dia.

Assim, mais uma vez, o terapeuta deverá fortalecer o Yin do Rim e neste caso, fortalecer o Qi do Baço. Além do R6, pode-se usar BP2, BP3 e E8. O consumo de raízes nesta fase também é muito importante, sendo o mais indicado, o inhame.

3. Perda de coerência, discernimento e raciocínio lógico

Depois de um período sem memória ideal sobre os conhecimentos do dia a dia, o paciente de Alzheimer começa a sofrer de dificuldade de memória de coisas que antes sabia de cor. O caminho até um lugar “x”, ou como se falava alguma palavra e outra língua ou até mesmo andar de bicicleta. Este é o tipo de memória relacionada ao “decorar”, em inglês, “learn by heart”,  em tradução livre “aprender com o coração”.

É nessa fase que além da perda de mais um tipo de memória, temos uma brusca mudança de comportamento. O portador de Alzheimer perde o raciocínio lógico, as conversas ficam “atravessadas e incompletas”, não consegue decidir entre o certo, o errado e o que se deve fazer primeiro em uma tarefa. Perde a noção de tempo e de espaço. É comum que lembre-se apenas do passado.

Com base na perda da Essência do Rim, há, por lei de Dominância em Medicina Chinesa, um excesso da energia do Coração, trazendo a mente agitada (Shen perturbado). Mais uma vez, o terapeuta tem como objetivo fortalecer a energia do Rim, mas nesse momento, precisa também trabalhar a energia do coração. Os pontos R3 R6, CS7, e C7 são indicados, bem como alimentos frescos para o Coração, como o melão, podem ser usados.

4. Perda de conexão com o passado

Esta é a fase terminal do Alzheimer. O paciente não só não lembra do dia a dia e já perdeu a coerência dos atos como também não possui nenhuma memória do passado. Não sabe quem é, de onde veio e não lembra das pessoas mais próximas, como filhos, cônjuges. Não sabe sequer identificar onde está uma dor no corpo, pois não lembra o nome da parte do corpo afetada.

É o momento onde a Essência do Rim (Jing) está em sua menor concentração. Lembrando que é quando o Jing acaba, que a vida chega ao seu ponto final.

Nesse momento, a única coisa que o terapeuta poderá fazer, é tentar conservar o pouco Jing restante. Manter hábitos de vida saudável, principalmente a boa alimentação e respeitar o descanso irá prevenir que o fim da vida seja tão sem memória.



Editora da revista Viver!, uma das mais importantes revistas de saúde do país. A publicação Sul capixaba circula mensalmente há mais de 17 anos.


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