A depressão também pode fazer parte do universo infantil, chegando a atingir até 7,5% das crianças entre seis meses e 12 anos – foi isso mesmo o que você leu, seis meses de idade! Infelizmente, porém, essa possibilidade diagnóstica raramente é investigada.
Por conta disso, conforme explana a psicóloga Tatielly Bonan, muitas crianças podem acabar sendo consideradas tímidas, agressivas, chorosas, agitadas, desinteressadas, quietas, volúveis, com dificuldade de atenção ou birrentas, quando na verdade, apresentam um quadro depressivo. “Além disso, muitos pais ignoram esses sinais característicos e pensam que os mesmos fazem parte do processo natural de desenvolvimento”, argumenta.
De acordo com a terapeuta, diferentemente dos adultos, as crianças ainda estão aprendendo a reconhecer suas emoções e a falarem sobre as mesmas, correlacionando-as com os eventos do dia a dia. “Então, uma forma bastante comum de expressar esse mundo interno é através da somatização, ou seja, pela passagem da dor emocional para a física. Desta forma, as crianças depressivas podem se tornar queixosas de dores, como na cabeça, no estômago ou nas pernas”, alerta.
Entre os sintomas mais comuns da depressão infantil, a psicóloga destaca: aparência triste; postura caída; olhar vazio, como “olhando para o nada”; falta de vontade para brincar ou fazer coisas que antes gostava; sonolência ou dificuldade para dormir; irritabilidade desproporcional aos acontecimentos; choro sem motivo aparente e sentimento de inferioridade.
E os sinais não param por aí. A profissional explica, ainda, que a criança pode apresentar a percepção de não ser amada, percepção de ser incompetente, baixo rendimento escolar, falta de apetite ou preferência por doces, levando a um quadro de magreza ou obesidade. Além de oscilação de humor e outros sintomas.
Vale ressaltar que é muito importante que os pais tenham um olhar atento para que esses sinais sejam identificados e avaliados por um psicólogo, pois os mesmos não são exclusivos de um quadro depressivo e podem, à primeira vista, ser confundidos com outras patologias, como transtorno de conduta, de ansiedade, de déficit de atenção e hiperatividade. “Nesta avaliação buscamos fazer um rastreamento da origem dos sintomas, analisando diversas possibilidades de fatores desencadeadores”, relata Tatielly.
Ainda de acordo com a terapeuta, o tratamento muitas vezes é realizado concomitantemente ao psiquiatra infanto-juvenil, profissional responsável pela prescrição da medicação necessária. “Em terapia, as crianças e adolescentes passarão por treino emocional, aumentando a capacidade de se expressarem e falarem o que sentem, além de reconhecerem seus recursos para lidar com tudo isso, e se preciso, adquirirem novas habilidades”, afirma.
Olhar atento
“Se seu filho apresenta um quadro de depressão, busque estar ainda mais ao lado dele, certificando-se de que ele se sente amado, querido e cuidado por você. Faça as mudanças que precisam ser feitas para que a qualidade das relações familiares melhore, ofereça momentos de lazer e tranquilidade. E mais, busque você mesmo estar bem para que possa cuidar dos que ama”, orienta Tatielly.
Tatielly Baião Bonan – Psicóloga especialista em Terapia cognitivo-comportamental, Terapia de família e Coach Parental (CRP 1314/16). O Family Care está localizado no Shopping Cachoeiro: Rua 25 de Março, 33, sala 212 – Centro. Telefone: (28) 99959-0650. Siga Tatielly no Instagram: @tatiellybonan