Dificuldades sexuais após a cirurgia de câncer de próstata

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Muitos pacientes acreditam que, após um tratamento contra o câncer de próstata, sua vida sexual acabou. Isso porque desde as primeiras cirurgias na próstata foi notado que, em muitos casos, ocorre uma piora na qualidade da ereção e alterações na ejaculação. “Apesar de estar em redução este número de sequelas possíveis, ainda é bastante comum acontecer, então esse fato ainda permanece no imaginário da população”, revela o urologista Carlos Frederico Buloto Schmitd.
Além das alterações já mencionadas, doutor Carlos informa que pode ocorrer também a incontinência urinária, afetando assim a autoestima do paciente prostatectomizado, com danos psicológicos que pioram a qualidade da vida sexual. Vale ressaltar, porém, que a cada dia o percentual desse tipo de complicações é menor, devido a evolução dos tratamentos. Mas infelizmente ainda existem em uma parcela significativa dos pacientes tratados.

O especialista esclarece que a disfunção erétil ocorre devido a lesões dos nervos responsáveis pela ereção, que se situam lateralmente e também por baixo da próstata. “A manipulação cirúrgica pode lesar total ou parcialmente estes nervos, levando a piora total ou parcial da ereção. Muitas vezes estes nervos são imperceptíveis devido ao tamanho”, diz.

Atualmente, há uma série de tratamentos que ajudam muito a recuperar a qualidade de vida sexual desses pacientes. Tais como o uso de medicamentos e, em último caso, a colocação de próteses penianas, que são dispositivos colocados cirurgicamente no pênis e que mantêm a ereção.

Sobre a incontinência urinária, o urologista relata que em muitos casos o paciente logo após a cirurgia apresenta uma piora no controle da urina, mas que costuma naturalmente apresentar melhora com o passar do tempo. “Em casos mais complicados, em que a recuperação não ocorre, pode ser feito tratamento com fisioterapia ou até mesmo a colocação de esfíncteres artificiais por meio de cirurgia”, aponta.
Técnicas menos invasivas

As técnicas cirúrgicas têm evoluído bastante com o passar dos anos, com melhora nos resultados de cura do câncer de próstata, que é o principal objetivo. Mesmo assim, muito se tem trabalhado para evitar as complicações, que são bastante comuns neste tipo de tratamento.

Existem algumas modalidades de cirurgia que são menos invasivas, como a videolaparoscopia e, mais recentemente, a cirurgia robótica, as quais têm se mostrado promissoras na cura e em menor índice de complicações pós-operatórias. Infelizmente essas técnicas são menos acessíveis a grande parte da população, mas com grandes chances de futuramente ocorrer uma maior difusão das mesmas – expõe doutor Carlos Frederico.

Foto: Erika Medeiros



Editora da revista Viver!, uma das mais importantes revistas de saúde do país. A publicação Sul capixaba circula mensalmente há mais de 17 anos.


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