O papel do médico anestesiologista no enfrentamento à Covid-19

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Dr. Fábio Bertholo

Dezenas de milhares de médicos estão espalhados por todo o Brasil na chamada linha de frente, trabalhando duro e de forma arriscada na batalha hospitalar contra o Novo Coronavírus. Mas em São Paulo essa ‘guerra’ ganha ares mais pesados diante do elevado número de mortes e de pessoas contaminadas.

Nessas trincheiras nas UTIs, algumas especialidades passaram a atuar de forma ainda mais intensa. De acordo com o anestesiologista capixaba Fábio Afonso Bertholo (que atua em hospitais na capital paulista e é professor da Pós-graduação em Anestesiologia do Hospital Israelita Albert Einstein), a rotina médica tornou-se ainda mais desafiadora.

“Vivemos atualmente a pandemia da COVID-19, uma doença potencialmente grave e ameaçadora à vida, que se apresenta como um desafio a todo o sistema de saúde. Anestesiologistas da cidade de São Paulo, epicentro do Coronavírus no Brasil, passaram por uma grande reviravolta nas suas rotinas de trabalho”, afirma o especialista formado na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e com residência médica na USP Ribeirão Preto.

Doutor Fábio Bertholo afirma que os anestesiologistas foram convocados para as UTI’s em regime de urgência. “Frente a atual pandemia, onde a racionalização dos recursos passou a ser imperativa, realizou-se a postergação de procedimentos cirúrgicos eletivos e o recrutamento desses especialistas para Unidades de Terapia Intensiva, onde poderíamos contribuir com nossa capacitação no manejo de pacientes críticos. Dessa forma, passamos a atuar na linha de frente no atendimento das vítimas da pandemia”.

Segundo o médico capixaba, em muitas instituições hospitalares da cidade houve uma postura maior de proatividade do que de reatividade, com preparo antecipado para um possível cenário ruim. “Buscou-se assim garantir a segurança e o bem-estar dos profissionais de saúde e assistir a todos os pacientes que precisassem de cuidados, o que tem acontecido até agora. Mas sabemos que a situação de pandemia pode e deve piorar ainda, então os esforços têm que continuar”, alerta.

Ele explica que no dia a dia, nas UTIs, os anestesiologistas também cuidam de pacientes gravemente enfermos, com alta carga de sintomas físicos, alguns que evoluem com disfunção orgânica, outros para óbito. “Esses pacientes são submetidos ao isolamento, o que gera fonte de angústia, medo. Passamos a lidar com sofrimentos psicológicos, espirituais. A empatia se fortalece a cada dia. Enxergamos os pacientes como entes queridos de suas famílias e amigos, e nos colocamos em seu lugar”, analisa o especialista.

São nessas horas que os próprios médicos enxergam suas fragilidades, conforme doutor Fábio salienta: “vemos também o quão frágeis somos. Como se trata de uma doença nova e ainda desconhecida, descobertas serão feitas, e com elas novas recomendações virão. O importante é aceitar que é uma doença que não deve ser subestimada, que mata, e que afeta a todos”, destaca. E não deixa de aconselhar: “então, protejam-se! Desejo que essa fase passe logo, e que Deus nos abençoe!”.

 

NA LINHA DE FRENTE

Doutor Fábio Afonso Bertholo é médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo, com Residências Médicas em Anestesiologia e Dor pela USP-Ribeirão Preto. Possui título Superior em Anestesiologia pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (TSA-SBA). Título de especialista em Dor pela AMB/SBA. Instrutor de Residência Médica do CET Ipar – Itapevi/São Camilo Pompéia. Professor da Pós-graduação em Anestesiologia do Hospital Israelita Albert Einstein. Membro ativo da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) e da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP)

 

 



Editora da revista Viver!, uma das mais importantes revistas de saúde do país. A publicação Sul capixaba circula mensalmente há mais de 17 anos.


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