Doença crônica considerada grave problema de saúde pública, a obesidade infantil pode ser definida pelo excesso de gordura corporal. Assistir à televisão durante várias horas por dia, a difusão dos jogos eletrônicos, o abandono do aleitamento materno, a utilização de alimentos formulados na alimentação infantil e a dos alimentos processados em nível doméstico pelos alimentos industrializados estão entre os fatores responsáveis pelo aumento da obesidade nas crianças.
A pediatra Brunna de Freitas Castello Melo relata que a obesidade infantil está associada a um maior risco de morte prematura, incapacidade física e obesidade na vida adulta. Além de aumentar os riscos futuros, as crianças obesas experimentam dificuldades respiratórias, aumento do risco de fraturas, hipertensão, aumento de marcadores precoces de doenças cardiovasculares, resistência insulínica e estão sujeitas a severo estresse psicológico devido ao estigma social.
No dia 11 de outubro foi comemorado o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. Tendo em vista que uma a cada três crianças brasileiras está acima do peso, falar sobre prevenção e tratamento da obesidade infantil é essencial. E os pais possuem um papel fundamental nesse sentido. “O ambiente familiar compartilhado e a influência dos pais nos padrões de estilo de vida dos filhos, incluindo a escolha dos alimentos, indicam o importante papel da família em relação ao ganho de peso infantil”, revela a especialista.
Segundo doutora Brunna, uma revisão dos programas de prevenção da obesidade para crianças mostrou que as intervenções que produziram maiores efeitos incluíram a participação dos pais. “Na primeira infância, recomenda-se que os pais forneçam às crianças refeições e lanches saudáveis, balanceados, com nutrientes adequados e que permitam às crianças escolher a qualidade e a quantidade que elas desejam comer desses alimentos saudáveis”, orienta.
A pediatra ressalta que embora os pais representem uma parcela significativa na influência da conduta da criança, eles raramente recebem suporte ou treinamento para esse papel. No caso das crianças que já estão acima do peso, a médica explica que é fundamental que haja acompanhamento profissional para realização do diagnóstico de sobrepeso ou obesidade e orientação quanto ao tratamento mais adequado.
“Os pais e cuidadores devem estar sensibilizados para o problema, no entanto, é imprescindível que não haja culpabilização nem da criança e nem dos pais nesse momento”, argumenta a especialista. “Deve-se buscar estratégias efetivas e sustentáveis no âmbito individual, familiar, escolar, comunitário e nos demais espaços em que a criança está inserida, de forma que a adoção de hábitos de vida mais saudáveis seja facilitada e promovida”, completa.
Doutora Brunna salienta ainda que os pais ou responsáveis e os governos têm papéis fundamentais na luta contra a obesidade infantil. “Isso acontece por meio de atenção à alimentação, à atividade física e ao tempo de exposição das crianças às telas e contando com políticas públicas que assegurem acesso a alimentos de qualidade, entre outras ações”, aponta.
Foto: Erika Medeiros