Complicação crônica mais comum do diabetes mellitus, a retinopatia diabética é uma das principais causas de cegueira evitável na população economicamente ativa (20 a 74 anos), representando a terceira maior causa de cegueira em adultos no Brasil, estando atrás apenas da catarata e glaucoma. O oftalmologista Marcelo Abrantes, da clínica Cemes, explica que a retinopatia diabética (RD) é caracterizada por alterações vasculares que aparecem na retina.
“Com o tempo e a falta de controle glicêmico adequado, o diabetes afeta o sistema circulatório da retina – uma das partes que constituem a região posterior do olho comumente chamada de ‘fundo do olho’, onde estão as células nervosas responsáveis por perceber a luz e ajudar a enviar as imagens ao cérebro”, revela.
Conforme elucida doutor Marcelo, o dano aos vasos sanguíneos da retina pode resultar no vazamento de fluido ou sangue, que poderá causar fibrose e desorganizar a retina. Isso pode tornar as imagens que a retina envia ao cérebro borradas ou distorcê-las e, como consequência, ocorre a baixa da acuidade visual.
“Se não houver um controle glicêmico adequado, a retinopatia diabética ocorre em quase 100% dos diabéticos que dependem de insulina (DM tipo I), e 50 a 80% dos diabéticos que não necessitam de insulina (DM tipo II). Estes percentuais são bem menores nos pacientes que mantêm as taxas de glicemia dentro da normalidade”, aponta o médico.
A retinopatia grave pode estar presente sem sinais perceptíveis. Portanto, submeter-se a exames periodicamente é fundamental. O oftalmologista examina o interior do olho usando um instrumento chamado oftalmoscópio. Exames complementares como a Retinografia, Angiografia, Ultra-som ocular e Tomografia Óptica podem ser utilizados para melhor avaliação do acometimento ocular.
Nos casos mais avançados de retinopatia diabética são indicados tratamentos para deter o avanço das lesões e melhorar a qualidade da visão. Estes vão desde o uso de colírios específicos e controle metabólico rigoroso à fotocoagulação com laser, que quando realizada em tempo hábil é capaz de reduzir em cerca de 95% o risco de cegueira ou perda visual grave.
Doutor Marcelo chama a atenção para um importante alerta: “Infelizmente, muitos pacientes são encaminhados aos serviços especializados tardiamente, o que piora muito o prognóstico. Cabe a nós, médicos, estarmos atentos para a gravidade do problema e assim tentarmos diminuir o nível de desinformações a respeito das complicações severas desta doença e das suas possibilidades de tratamento”.
Tratamento inovador
Uma inovação no tratamento da retinopatia diabética é a injeção intra-vítrea de medicamentos anti-angiogênicos, destacando-se o tratamento com Aflibercept. O objetivo é melhorar a visão através da absorção dos fluidos que se depositam na mácula, onde o laser pode não atuar efetivamente. A cirurgia de vitrectomia também pode ser indicada para o tratamento do edema macular refratário ao laser, em casos de hemorragias vítreas e descolamento de retina.