Câncer é o nome dado a um conjunto de doenças, as quais têm em comum o crescimento descontrolado e agressivo. O câncer destrói os tecidos e órgãos ao seu redor, possuindo a capacidade de desprender-se e espalhar-se para outras regiões do corpo. Essa condição é conhecida como metástase.
Conforme explica o mastologista e cirurgião oncológico Anderson Zerbone, a metástase é a arma mais letal de uma doença neoplásica. “Ela desenvolve a capacidade de desgarrar-se da massa tumoral original, penetrar em um vaso sanguíneo ou linfático, cair na circulação sistêmica e migrar para outros órgãos distante do local onde o tumor originou-se”, relata.
De acordo com o especialista, cada tumor tem predileção por um órgão. “No caso do câncer de mama, a metástase mais frequente é para ossos, fígado e pulmão. No câncer de próstata, há predileção pelos ossos. No que diz respeito ao tumor de intestino, geralmente acomete o fígado”, elucida.
Doutor Anderson esclarece que as células malignas permanecem nesses tecidos em silêncio, aguardando o momento propício para cumprir seu destino: multiplicar-se. Algumas vezes, levam anos para iniciar esse processo, estando relacionadas com o tratamento e com o mecanismo de defesa do hospedeiro.
A boa notícia é que alguns estudos iniciais feitos em laboratórios têm conseguido, com êxito, parar a movimentação e migração dessas células malignas responsáveis pela metástase. “Seria um verdadeiro sucesso caso conseguíssemos reproduzir esses resultados em seres humanos”, comenta o médico.
Falando sobre as opções de tratamento disponíveis hoje, o mastologista e cirurgião oncológico ressalta que os quimioterápicos têm como finalidade a destruição tumoral presente no órgão acometido e destruição das células circulantes ou metastáticas, já implantadas em outros tecidos.
“Muitas vezes essas células não ficam ao alcance do quimioterápico e persistem no hospedeiro, e por alguma baixa de imunidade elas florescem e voltam a destruir o hospedeiro”, informa o especialista. “É por isso que a detecção precoce do câncer é tão enfatizada por nós. O risco de ocorrer metástase em uma fase inicial do câncer é pequeno”, alerta.
Novos caminhos
Uma nova pesquisa publicada na revista Nature communications em junho abre novos caminhos para impedir que o câncer se espalhe para outras áreas do organismo. Em estratégia inédita, cientistas “congelaram” a célula cancerígena para que ela não se movimentasse.
Os testes foram feitos com a molécula KBU2046, composto que, segundo os pesquisadores, inibiu o movimento das células do câncer em quatro tipos de células do câncer humanas: câncer de mama, próstata, colorretal e pulmão. A ideia é inibir apenas o movimento das células cangerígenas, sem efeito em células saudáveis. De acordo com o professor de oncologia médica do Instituto OHSU Knight Cancer (EUA) Raymond Bergan, estima-se que serão necessários dois anos e cinco milhões de dólares para se iniciar os testes em humanos.
Foto: Jonathan Lessa