Tabagismo influencia maleficamente desempenho do esportista

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No Brasil, cerca de 200 mil óbitos por ano são registrados devido ao tabagismo. Doenças como o câncer de pulmão, câncer de boca, câncer de laringe, infecções respiratórias são consequências do tabagismo. Conforme explana a pneumologista Jaqueline Lunz, no caso dos esportistas, o tabagismo pode prejudicar diretamente seu desempenho.

Sintomas como cansaço físico e falta do ar podem ser precoces e frequentes. Durante a prática de exercícios há ainda o potencial de deflagrar doenças cardiovasculares como arritmias e infarto. Além de evidenciar isquemias crônicas que estavam anteriormente latentes.

“Cigarro e esporte são dois nomes que definitivamente não combinam. O tabaco, com todos seus componentes, é um grande vilão de um bom rendimento durante a prática de exercícios. O tabagismo pode ser assintomático no atleta, ou em casos extremos, até produzir uma parada cardiorrespiratória”, relata a especialista.

O sistema respiratório, segundo a pneumologista, é um dos principais prejudicados na relação entre cigarro e corpo. A fumaça do cigarro tem efeito imediato como irritante das vias aéreas causando coriza, obstrução nasal, tosse, chiado e dificuldade respiratória.

A médica explica que outros sintomas como cansaço físico, dor no peito e nas pernas podem sinalizar comprometimento orgânico do tabagismo. A capacidade cardiovascular do fumante é afetada, colocando-o em uma posição inferior aos que não fumam. Dessa forma, um esforço mais intenso, como a atividade física, é capaz de provocar infarto. De maneira semelhante, a pressão arterial também pode gerar efeitos negativos, uma vez que ela aumenta após uma tragada, podendo ocasionar AVC (acidente vascular cerebral).

No entanto, conforme esclarece doutora Jaqueline, isso não fica apenas com atletas amadores ou de fim de semana. Muitos esportistas profissionais sofrem ou sofreram em decorrência do cigarro. “Cito o caso mais recente, do jogador holandês Johan Cruyff, que já chegou a fumar 20 cigarros em um dia e morreu em decorrência de um câncer de pulmão aos 68 anos. O detalhe é que ele parou de fumar havia 24 anos, mas devido ao acúmulo dos anos, a doença foi mais forte que ele, que acabou falecendo”, revela.

Fazer exames periódicos é primordial. “A avaliação médica é importante antes da prática do exercício físico. No grupo dos tabagistas, a análise visa identificar se já existem prejuízos pelo tabagismo que necessitem de compensação antes de iniciar ou até mesmo contra-indicar à prática de esportes. Os exames são indicados de maneira personalizada, seja radiografia de tórax, espirometria, eletrocardiograma, teste ergométrico, dentre outros”, ressalta a especialista.

Doutora Jaqueline explica que a atividade física está sempre recomendada durante o tratamento do tabagismo. Além de produzir endorfinas, que proporcionam sensação de prazer e reduzem à ansiedade e o stress, os exercícios reduzem significantemente a tendência de ganho de peso após a cessação, e também pode servir como uma atividade alternativa para ajudar a suportar a falta do cigarro.

Foto: Jonathan Lessa



A revista Viver! é publicada mensalmente há mais de 17 anos com circulação no Espírito Santo. Trata-se de uma das mais importantes revistas de saúde do Brasil, com centenas de especialistas em prol do dilema "Informação que faz bem".


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