Por Tatielly Baião Bonan
Psicóloga
Se você não é uma mãe perfeita, está precisando aprender isso. Se você tem filhos, é bem provável que questione seu desempenho em ser mãe. Constantemente recebo no consultório crianças com dificuldades de aprendizagem, de comportamento ou com ansiedade, e a pergunta que ouço das mães é: “Onde foi que eu errei?”. Isso ecoa dentro delas, como um grito de culpa e responsabilização.
Os pais reproduzem o que receberam de seus pais e vivenciaram na infância, acrescido do que aprenderam ao longo da vida. E eu verdadeiramente penso que, com amor, fazem o melhor que podem. Portanto, não há culpados ou vilões. Mas é assim que muitas mães se sentem ao verem os filhos com alguns sintomas.
Ora, como poderia alguma mãe ser perfeita? Por mais que as amemos e as admiremos, não podemos perder de vista que são pessoas, e isso significa dizer que, como qualquer um de nós, sentem medos, inseguranças, incertezas e buscam apesar disso tudo se mostrarem fortes para com e pelos filhos enfrentarem o que for preciso.
Como se não bastassem as autocobranças, as mães ainda enfrentam infindáveis críticas e exigências por parte de seus parceiros e, pasmem, de outras mães. Um ideal que ignora a mulher por detrás do ser mãe, da mulher que passa por cima de seus medos e se desdobra para conciliar a maternidade com o trabalho, com a casa, com o ser esposa, mulher, com sua necessidade de descanso e estar com amigos.
E ignorando tudo isso, cobranças sobre qualquer uma de suas escolhas, acaba sendo questionada. Se a mãe pega a criança no colo para acolher um choro “está dando atenção pra manha”, se não pega, “é uma desnaturada que não faz nada ao ver o filho chorar”, se o acolhe à noite em sua cama “vai deixá-lo mal acostumado”, se não acolhe “é covarde por deixá-lo sofrer”. E por aí vai…qualquer que seja a escolha, será criticada por alguém. Como é possível, então, ser uma boa mãe?
A mãe ideal não existe. O que podemos ter é a mãe real que cada uma pode ser. A mãe que ama, que erra, que repete o mesmo erro, que chora por isso, que se arrepende, que busca aprender a fazer diferente, que tropeça mil vezes, mas em outras mil está ao lado do filho, sendo o melhor que pode ser por ele e por si mesma. Que mesmo exausta o acolhe em seus braços e ouve seu choro, que consegue por inspiração, que só pode ser divina, ter palavras encorajadoras, palavras que ela também ouve e, acolhendo seu filho, acolhe também a criança insegura dentro de si mesma.
Nenhuma mãe precisa ser perfeita para ser amada. Minha mãe, por exemplo, não é, e eu a amo incondicionalmente mais que tudo. Por isso, mãezinhas que agora lêem, se perdoem, se aceitem e tenham paz. A maternidade real é melhor que a ideal, pois é a única possível.
Tatielly Baião Bonan – Psicóloga especialista em Terapia cognitivo-comportamental, Terapia de família e Coach Parental (CRP 1314/16). O Family Care está localizado no Shopping Cachoeiro: Rua 25 de Março, 33, sala 212 – Centro. Telefone: (28) 99959-0650. Siga Tatielly no instagram: @tatiellybonan