Pensamento positivo em excesso pode ser prejudicial. Entenda

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A psicóloga Tatielly Bonan – Foto por Erika Medeiros

Ultimamente temos sido bombardeados pela cobrança em mantermos o pensamento positivo. É claro que uma postura positiva diante das dificuldades é importante, mas a mesma se torna tóxica quando exagerada, quando não permite que as pessoas entrem em contato com suas emoções e pensamentos mais desagradáveis. “A toxidade está em negar que isso também faz parte da vida, e, principalmente, que tem uma função, como nos ajudar a tomar decisões”, expõe a psicóloga Tatielly Baião Bonan.

Coforme elucida a terapeuta cognitivo-comportamental, é importante compreender que nem sempre as coisas vão ficar bem por si só, como se bastasse apenas termos bons pensamentos. “Na verdade, o inverso pode acontecer, e acabamos piorando as situações ao ignorarmos as consequências de negar que algo precisa ser mudado. Imagine uma situação de injustiça. Ora, se isso não causar raiva no injustiçado, ele pode se afundar cada vez mais em situações abusivas”, exemplifica.

A psicóloga ressalta que podemos sim tentar ver o lado bom das situações, mas em certos casos, é necessário focar em como as situações estão nos fazendo mal, e são os sentimentos negativos que nos sinalizam que algo não vai bem. “Essa é uma das funções da tristeza, ela nos convoca a refletirmos sobre nossa vida, sobre nossas relações”, aponta. “Se a tristeza está presente, temos que ouvi-la, nos recolher e refletir para entendermos sua mensagem; caso contrário, ela pode se intensificar ao ponto de nos deprimirmos”, alerta.

Conforme relata Tatielly, para muitas pessoas é comum tentar camuflar esse sentimento, muitas vezes com festas, bebidas, distrações, compras ou comidas, como se essas experiências mais agradáveis fossem resolver os problemas. “Claro que podem gerar prazer, mas, a curto prazo. Ora, vai me dizer que você nunca saiu de uma festa, na qual parecia estar feliz e chorou ao chegar em casa?”, reflete.

O alerta da psicóloga é que sem a aceitação de que os sentimentos negativos fazem parte da vida, nos afastamos cada vez mais de nós mesmos e nos aproximamos de uma vida ilusória, “facebookiana” e “instagramável”, na qual há uma exposição frenética dos momentos felizes mostrados a qualquer custo, como por exemplo, a custo do endividamento.

“Embora popularmente se acredite que a felicidade seja a ausência da tristeza, de fato não é bem assim que a mesma se constrói. Se a felicidade fosse baseada na ausência da tristeza, não haveria uma só pessoa no mundo que pudesse dizer-se feliz”, declara a terapeuta cognitivo-comportamental. “A felicidade consiste em alinharmos nossas expectativas com a realidade, aceitarmos que na vida teremos inúmeras experiências e que com cada qual podemos nos conhecer um pouco mais e evoluirmos através das reflexões e mudanças que essas experiências nos convocam”, diz.

Por fim, vale ressaltar que essa é uma das propostas que o psicólogo faz ao paciente: que ele possa se ouvir e se conhecer através de todos os sentimentos e pensamentos que estão presentes dia a dia, e que sinalizam as situações que precisam ser mudadas. E, ao serem mudadas ou buscadas, podem lhe conferir uma vida com mais sentido.

Tatielly Baião Bonan – Psicóloga especialista em Terapia cognitivo-comportamental, Terapia de família e Coach Parental (CRP 1314/16). O Family Care está localizado no Shopping Cachoeiro: Rua 25 de Março, 33, sala 212 – Centro. Telefone: (28) 99959-0650. Siga Tatielly no Instagram: @tatiellybonan

 



Editora da revista Viver!, uma das mais importantes revistas de saúde do país. A publicação Sul capixaba circula mensalmente há mais de 17 anos.


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