Por Wagner Medeiros Junior
Superintendente do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim/ Economista e Especialista em Gestão de Saúde
A pandemia da Covid-19 continua aumentando o número de vítimas em diversos países do mundo, principalmente onde a escala de vacinação ainda não alcançou os patamares desejados, conforme é o caso do leste europeu. Por isto o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para todos os países, pois tem se observado um recrudescimento da doença, com o aumento no número de casos e também de mortes, mesmo em locais em que ela parecia controlada.
Portanto, ainda não se pode descuidar de todos os cuidados básicos e essenciais à prevenção da Covid-19, como do uso do álcool em gel e das máscaras, principalmente em locais fechados. Vale a lembrança de que desde as primeiras vítimas dessa crise de abrangência global, no início de março de 2020, já foram ceifadas mais de 5 milhões de vidas e de que outras milhões de pessoas continuam a enfrentar agravos de saúde em consequência da enfermidade.
Outra questão patente é que esse vírus daninho continua a circular efetivamente em nosso meio e que ninguém está imune a doenças, nem mesmo os plenamente vacinados. Que o vírus não é estático; que sofre mudanças…Que ainda há muito a se conhecer sobre o vírus; sobre o tempo de imunização das vacinas…
O que é inegável é que a pandemia acabou por alcançar a todos, independente de contrair ou não a doença. Estão aí expostos diversos problemas de ordem econômica, como o desemprego e o baixo crescimento, que atingem grande parte do mundo. Também, os transtornos de ordem psicológica, que não tem poupado inclusive as crianças. Porém, quando se trata de saúde pública, as adversidades têm se mostrado muito mais severas.
Hoje, no rastro da pandemia, inúmeras doenças foram agravadas pela falta de diagnóstico precoce, como é o caso dos cânceres, da diabetes, das disfunções cardiovasculares e de outras enfermidades degenerativas. As consequências são os ambulatórios sobrecarregados pelo aumento da demanda, e filas cada vez maiores para realização de procedimentos de diagnósticos e de cirurgias. A expectativa, inclusive, é de que esse represamento afete a expectativa de vida dos portadores desse tipo de doenças.
Recentemente, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) fez um importante alerta sobre o relaxamento da vacinação contra várias doenças, que há tempo está sob controle em todo continente americano, tal como a varíola, a poliomielite, a rubéola, o sarampo e o tétano. Isto ocorre devido à centralização das autoridades de saúde à Covid-19.
Segundo a diretora da OPAS, Carissa Etienne, há a “necessidade de melhorar nossos programas de vacinação de rotina, pois a região corre um risco alto de ter novos surtos de doenças que podem ser evitadas”. Alerta ainda que “doenças que estavam praticamente extintas correm o risco de voltar a circular”. Como exemplo, ela citou a França, que em 2018 enfrentou graves surtos de sarampo, inclusive com mortes. A Opas também alerta que a pandemia da COVID-19 não chegou ao fim e que o relaxamento das medidas de prevenção pode também retardar o controle da doença.